A ELIMINAÇÃO DO PECADO
E. J. Waggoner
É
parte da decaída natureza humana fazer com que a religião consista de formas e
cerimônias, fórmulas e doutrinas. O sacerdotalismo não é peculiar a certas
denominações; é inerente à decaída natureza humana, e em tal extensão que a
pessoa perde a DEUS de vista, que o formalismo se manifestará até naqueles que
são mais sinceros. Há exatamente tantas almas sinceras entre aqueles cuja
religião consiste de formas como entre qualquer pessoa sobre a Terra. Tenho
visto entre católicos romanos tanta sinceridade devota como entre quaisquer
outros religiosos. Nosso perigo jaz em pensar que a verdade consiste entre
VERDADE e a DECLARAÇÃO da verdade. Há exatamente tanta diferença entre esses
dois como há entre e lei e a redação da lei. A lei real é viva; a escrita dela
no livro é somente uma sombra. Estamos em perigo de fazer um credo, e pensar
que é a verdade.
Nenhuma
palavra humana pode expressar a verdade de DEUS. "O olho não viu, nem o
ouvido ouviu, nem entrou no coração do homem, as coisas que DEUS tem preparado
pela aqueles que O amam. Mas DEUS no-las revelou por Seu Espírito". A
integridade da verdade de DEUS não pode ser declarada em linguagem humana;
doutro modo, poderia ser ouvida com o ouvido. Não pode ser estruturada em
pensamento humano; doutro modo poderia entrar no coração do homem. A verdade
pode ser revelada ao homem somente pelo dom do ESPÍRITO de verdade.
"Ora,
a mensagem que da parte Dele temos ouvido e vos anunciamos, é esta: que DEUS é
luz, e não há Nele treva nenhuma. Se dissermos que mantende comunhão com Ele, e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos
na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue
de JESUS, Seu Filho, NOS PURIFICA DE TODO PECADO". I João 1:5-7.
Esqueça
por um pouco a divisão desta epístola em capítulos, com o que João nada teve a
ver. Esta era uma carta, contendo somente umas poucas sentenças, não tão longa
como as que às vezes temos escrito. No início da carta ele faz esta declaração
do que é sua mensagem, e pouco depois escreve a respeito do fim do mundo:
"Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida, não procede do PAI, mas procede do mundo. Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de
DEUS permanece eternamente". Esta, portanto, é exatamente a mensagem para
os últimos dias, a que fará as pessoas permanecerem firmes quando o mundo
passar.
A
seguir o apóstolo fala da "unção que vem do Santo", de modo que
"não tendes necessidade de que alguém vos ensine". Nenhum homem pode
ensinar-lhe a verdade; as coisas que DEUS preparou estão reveladas somente
para os ungidos do ESPÍRITO SANTO. "Mas, como a Sua unção vos ensina a
respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permaneceu Nele,
como também ela vos ensinou. Filhinhos, agora, pois, permanecei Nele, para que,
quando Ele Se manifestar, tenhamos confiança e Dele não nos afastemos
envergonhados na Sua vinda". Assim, essa é a mensagem que dará ao povo
ousadia por ocasião da vinda do SENHOR, de modo que podem olhar para o alto e
dizer: "Eis que este é nosso DEUS,
em quem esperávamos, e Ele nos salvará".
Esta,
pois, é a mensagem, de que DEUS é luz, e se andarmos na luz, o sangue de JESUS
CRISTO nos purifica de todo pecado,--elimina toda a iniqüidade. A prova de
termos ou não a verdade está no efeito que esta exerce sobre a nossa vida.
Purifica-nos ela da iniqüidade? Se andarmos na luz, então o sangue de JESUS
CRISTO nos purifica. A luz é a vida de DEUS fluída, que purifica e elimina o
pecado.
Precisamos
ser nosso próprio guardião contra a idéia de que a eliminação do pecado é
meramente o passar uma esponja sobre uma superfície lisa, ou um lançamento no
livro de contabilidade para equilibrar a conta. Isso não constitui eliminação
do pecado. Um homem ignorante que viu um termômetro pela primeira vez pensou
que poderia abaixar a temperatura quebrando-o. Mas que efeito isso teve sobre o
clima?--Exatamente tanto quanto o mero apagar do registro do pecado tem sobre o
pecador. O rasgar de uma folha de um livro, ou mesmo a queima do livro
contendo o registro, não elimina o pecado. O pecado não é eliminado por
apagar-se o seu registro, mais do que o atirar minha Bíblia dentro do fogo
torna sem efeito a Palavra de DEUS. Houve um tempo quando todas as Biblia que
pudessem ser encontradas deveriam ser destruídas; mas a Palavra de DEUS--a
verdade--permaneceu exatamente a mesma, porque a verdade é o próprio DEUS.
A
verdade está implantada nos céus e na Terra; ela enche as estrelas, e
mantêm-nas em seus lugares; é aquilo por meio de que as plantas crescem, e os
pássaros edificam seus ninhos; é aquilo por meio de que sabemos como encontrar
nosso rumo em alto mar. Quando Moisés quebrou as tábuas de pedra, a lei
permaneceu tão válida quanto antes. Do mesmo modo, embora todo o registro de
nossos pecados, conquanto escritos com o dedo de DEUS, fossem apagados, o
pecado permaneceria, porque o pecado está em nós. Ainda que o registro de nossos
pecados estivessem gravados na rocha, e esta fosse despedaçada e tornada em
pó,--mesmo isso não eliminaria o nosso pecado.
A
eliminação do pecado é o apagá-lo da natureza, do ser do homem. O sangue de
JESUS CRISTO purifica de todo pecado. Nossos corpos são meros canais, a
fronteira, a areia sobre a praia do rio da vida. Impressões têm-nos sido feitas
pelo pecado. Na praia, quando você vê um suave trecho de areia, seu primeiro
impulso é deixar ali uma marca, escrever alguma coisa. Então vem o mar, e cada
onda que passa sobre a marca a oblitera até desfazer-se inteiramente. Desse
modo o rio da vida que procede do trono de DEUS lavará as impressões do pecado
sobre nós.
A
eliminação do pecado é sua erradicação de nossa natureza, de modo que não mais
o conheceremos. "Os adoradores uma vez purificados"--na verdade
purificados pelo sangue de CRISTO-- "não mais têm consciência do
pecado", porque para eles o pecado se foi para sempre. Sua iniqüidade pode
ser procurada, mas não será encontrada. Para sempre se desfez,--é estranha à
sua nova natureza, e conquanto possam ser capazes de recordar o fato de que
cometeram certos pecados, esqueceram-se do pecado em si--e não pensam em cometê-lo de novo. Esta é a obra de CRISTO no
verdadeiro santuário, que o SENHOR levantou, e não o homem,--o santuário não
feito por mãos, mas trazido à existência pelo pensamento de DEUS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário